Se você é simpatizante da questão sobre a sustentabilidade do meio ambiente, não pode deixar de assistir o documentário “2012 – Tempo de Mudança”, do diretor brasileiro João Amorim que após ler a obra “2012 – O Ano da Profecia Maia”, de Daniel Pinchbeck decidiu junto com o próprio escritor rodar um documentário que relata a preocupante situação atual da degradação do planeta e enfatizam alternativas viáveis de sustentabilidade para reverter o quadro.
O filme não é baseado no livro, mas se inspira na essência dele que é de provocar uma reflexão sobre o futuro do planeta. O documentário conta com animações e entrevistas com astros de Holywood como o diretor David Lynch e a atriz indicada ao Oscar, Elen Page.
O Salada de Cinema conversou com João Amorim que explicou com mais detalhes a idealização de “2012 – Tempo de Mudança”, acompanhe:
Salada de Cinema – João, como surgiu a ideia de fazer o documentário e como se deu a parceria com Daniel Pinchbeck?
João Amorim – Em 2006 eu fui chamado para dirigir a parte de animação do documentário Chicago10.
Ele é m filme que lida com a situação de protestos contra a Guerra do Vietnã em 1968 em Chicago, e com o subsequente processo contra os ativistas, que acabaram todos presos.
Foi um filme de cunho social, que acabou abrindo o Festival de Sundance em 2007 e para o qual eu fui nomeado ao EMMY em 2009.
Trabalhando nesse filme, eu percebi que poderia estar desempenando um papel bem mais ativo em questões socio-ambientais que eu achava importante.
Eu acabava também de fazer a transição de Supervisor de animação para Direção, e estava trabalhando em comerciais para grandes empresas como BMW e Panasonic.
Mas não estava satisfeito com esse mundo comercial.
Foi ai que um amigo me indicou o Livro do Daniel, 2012 O Ano da Profecia Maia (agora disponível no Brasil pela editora ANADARCO).
No inicio eu me mostrei muito cético à respeito do assunto, mas depois de ler o livro me identifiquei bastante com certas ideias, principalmente a de que a crise que vivemos, mais do que uma crise econômica ou ambiental, é uma crise de consciência.
Então procurei o Daniel e desenvolvemos um seriado juntos, que hoje pode ser visto no site https://www.postmoderntimes.com e que foi lançado nos EUA em DVD como “Beyond 2012, evolving perspectives on the next AGE”.
Dai foi um pulo para desenvolvermos o longa.
Salada de Cinema – No seu livro, “2012: O Ano da Profecia Maia”, Pinchbeck diz que aquele será o ano para uma mudança de consciência coletiva a respeito do meio ambiente… Como isso se dará?
João Amorim – O filme não é um “remake” do livro. Diria que o filme é muito mais objetivo, e menos metafísico. Lidamos com soluções práticas para a transformação do indivíduo e da sociedade como um todo. Apresentamos soluções em diversas áreas, seja a de produção de alimentos, como sistemas de banco de horas, e até energias limpas; assim mostrando que as soluções que precisamos já existem, e que o que precisamos é conectar os pontos e trabalhar de forma cooperativa.
Não tenho a pretensão de saber se algo misterioso vai acontecer em 2012 ou qualquer outra data. Seria ótimo… Agora o que posso dizer é que de fato varias sincronicidades existem com essa data. Por exemplo, o Protocolo de Kioto expira em 2012. Também está previsto que a atividade solar atinja o seu “Solar maximum” em 2012.
Enfim, não tenho ambições proféticas, nem apocalípticas. Acredito que temos de fazer a nossa parte, e ao menos debater em que sociedade queremos viver, e assim tomar atitudes apropriadas para criarmos uma sociedade em maior harmonia com a Natureza.
Salada de Cinema – Como surgiu a oportunidade de incluir nomes como Sting, David Lynch, Ellen Page e Gilberto Gil no documentário?
João Amorim – Os três primeiros haviam lido o livro do Daniel. Já haviam estabelecido uma relação de amizade com ele. O Gil, eu conheço há algum tempo, trabalhou com meu pai (Celso Amorim) no Governo Lula. É um amigo e tem muitas ideias parecidas com o que estamos querendo passar no filme. Então foi relativamente fácil.
Salada de Cinema – Qual a mensagem que você e Daniel Pinchbeck desejam passar aos espectadores?
João Amorim – Não posso falar pelo Daniel, mais o que eu espero é que o filme instigue o debate sobre que tipo de sociedade queremos deixar para as futuras gerações. E que a transformação do individuo e da sociedade é possível e começa com a mudança pessoal. Que as soluções já estão aí, e com consciência e coerência podemos construir um mundo melhor.
Salada de Cinema – Para quem sair da sala de cinema decidido a mudar o comportamento em relação ao meio ambiente, quais dicas ou lugares você recomendaria essas pessoas para conhecer mais e vivenciar de fato a sustentabilidade?
João Amorim – Olha participo de uma ONG: www.ciclo.org aonde damos cursos de permacultura e agrofloresta. Mais há varias outras em todas as regiões do Brasil. Para citar algumas: Ipoema, Ipec, Ipema, Tibá, etc.… Tem várias outras, é só procurar. Acho que as pessoas devem buscar a coerência entre seus discursos e suas ações. Assim como se envolver com suas comunidades locais, para buscar soluções de interesse comum.
No Brasil, acho que um dos trabalhos mais importantes vem sido desenvolvido pelo Ernst Gotsch e seus sistemas agroflorestais baseados na sucessão natural. Mais informações sobre essa alternativa viável ao agronegócio podem ser encontradas no site: www.agrofloresta.net.
No mais fiquem de olho no nosso site para novidades: www.2012tempodemudanca.com.br.
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