RIO – O cineasta João Amorim, filho do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, já dirigiu comerciais para a BMW e a Panasonic, olhava o movimento new age com a maior desconfiança e achava que documentário ambiental estava fadado a oscilar entre a catástrofe e a pieguice. Hoje, é sócio de uma produtora de vídeos sócio-ambientais (“Postmodern Times”), fez da pregação contra o consumismo uma bandeira, medita todos os dias e comanda um projeto de permacultura sustentável no centro-este do Brasil (Ciclo Sustainable). Tudo isso enquanto roda festivais com seu mais novo projeto, “2012: Tempo de mudança”, que será exibido no Chicago Green Festival, no próximo fim de semana, e deve estrear no Brasil no segundo semestre deste ano.Assista a um trecho do documentário ‘2012: Tempo de mudança’
Resultado de 500 horas de imagens, animação e mais de 200 entrevistas, o filme, de 85 minutos, traz depoimentos contundentes de David Lynch, Sting, Ellen Page, Gilberto Gil e Terence McKenna, entre muitos outros, falando de suas experiências com meditação, ayahuasca, projetos sustentáveis, contracultura, expansão da consciência. Misturando a sabedoria de culturas ancestrais com as possibilidades da tecnologia, o filme apresenta alternativas ecológicas – e muitas vezes surpreendentemente simples – para produzir energia, reciclar lixo, regenerar o solo, reaproveitar água, gerar alimentos mais saudáveis. Em “2012: Tempo de mudança”, João, que foi indicado ao Emmy pela animação de “Chicago 10” (dirigido por Brett Morgen), segue o jornalista americano Daniel Pinchbeck, autor do bestseller “2012: The Return of Quetzalcoatl” e considerado por muitos o novo pai do movimento psicodélico. Daniel procura mostrar as armadilhas do nosso atual modelo sócio-econômico e sai em busca de uma nova cultura, baseada em princípios ecológicos e solidários, por várias partes do mundo, do Rio ao Japão, onde projetos assim já estão em prática, com ótimos resultados.
– Depois de ler o livro do Daniel e entrar em contato com várias pessoas, eu, que era muito cético, fui mudando completamente minha maneira de pensar e viver – diz João, que só usou baterias recarregáveis durante as filmagens. – Por mais complexos que possam parecer os nossos problemas, as soluções para eles muitas vezes são simples. E a gente mostra isso. Pode-se construir sem agredir o meio ambiente e reaproveitar recursos de maneira racional. Dá pra coletar a água da chuva e usá-la para abastecer prédios de até quatro andares ou fazer hortas comunitárias nos terraços dos edifícios, por exemplo. Por toda parte, já há muita gente engajada na produção de uma sociedade regenerativa.Leia na Revista O Globo a reportagem sobre as teorias conspiratórias sobre o fim do mundo 2012 (apenas para assinantes)
Matéria completa no site O Globo